Escolaridade e Trabalho: desafios para a população negra nos mercados de trabalho metropolitanos

A importância de escolaridade para melhora na inserção no mercado de trabalho, na qualidade da ocupação e para a elevação dos rendimentos e como estas variáveis diferenciam negros e não-negros na força de trabalho são aspetos analisados neste estudo elaborado pelo DIEESE para marcar a passagem do dia da Consciência Negra.

Para ler o estudo, clique aqui.
Fonte: www.irohin.org.br

DCE-UFBa no 20 no Novembro

Contra a Ditadura Racista na Universidade Federal da Bahia

A Semana da Consciência Negra de 2007 será também a semana da derrota da tentativa de instaurar uma ditadura na Universidade Federal da Bahia. Tudo em nome de um projeto – o REUNI – que, supostamente, expandiria e reestruturaria a Universidade para que ela fosse capaz de dar conta da imensa demanda pela Universidade pública, gratuita, de qualidade, socialmente e racialmente referenciada. Demanda essa que tem na juventude negra seu principal extrato, uma vez que é o segmento racial afastado do acesso e da produção do conhecimento legitimado e reconhecido.

Do Programa de Ações Afirmativas aprovado em 2004, só o item acesso foi garantido até agora. Milhares de estudantes negros e negras têm vivido a dura realidade de uma universidade pública, mas não gratuita. Por trás do comprossimo social dos slogans, uma epistemologia referenciada eurocentricamente, mantendo a exclusão racial no ensino, na pesquisa e na extensão. E o mundo do trabalho não oferece melhores perspectivas: quantas portas terão ainda de ser derrubadas pelo direito de ter oportunidades?

O REUNI aprofunda esse quadro, ao ampliar as vagas na Universidade sem garantir a permanência dos estudantes em vulnerabilidade social e racial. Além disso, estimula a divisão da graduação em duas: de um lado, as "ilhas de excelência", para os privilegiados; de outro, formações genéricas e superficiais para a maioria negra. Mais: o REUNI não reconhece a necessidade de ações afirmativas vinculadas à expansão de uma Universidade que sirva ao seu povo, que é negro.

O Movimento Estudantil da UFBa tirou, na pauta de reivindicações das mobilizações que tem promovido na Universidade, seis itens de interesse direto do povo negro, entre eles abertura de cursos noturnos (com garantia de reserva de vagas e da qualidade), ações afirmativas na pesquisa e pós-graduação e inclusão das matrizes de conhecimento da África e da Diáspora e indígena na tríade ensino, pesquisa e extensão.

O movimento estudantil da UFBa, assim, se compromete com as pautas do povo negro na Universidade, se colocando também na trincheira da luta pela reparação racial no Brasil. Para alcançar as pautas, o DCE, os DAs e CAs da UFBa, núcleos de estudantes negros e negras e o movimento estudantil geral se posiciona contra o REUNI e contra o projeto racista do reitor Naomar Almeida Filho.

Na semana passada, o magnífico ditador da UFBa mandou a polícia agredir e prender estudantes que ocupavam a Reitoria da UFBa reivindicando, entre outros itens, as pautas acima citadas. O reitor, assim, contribui para a tentativa de criminalização dos movimentos sociais, para a qual o movimento negro não pode ficar imparcial.

Por isso, chamamos a todos que têm consciência da sua raça e do seu papel na sociedade, para construirmos uma Grande Assembléia Geral dos Estudantes da UFBa às 9 horas desta quarta, dia 21, Semana da Consciência Negra, com a presença de todos os movimentos sociais. O povo negro, que disputa os rumos da Universidade brasileira, é chamado para encampar as lutas pela garantia das nossas conquistas e a construir um projeto de Universidade para a Reparação!

Diretório Central d@s Estudantes - DCE-UFBa
Diretoria de Combate ao Racismo
Diretoria de Políticas Sociais
20 de Novembro de 2007

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Religiosos do Candomblé se reúnem durante quatro dias em Salvador.

Seminário, Audiência Pública e a III Caminhada do Povo de Santo integram a programação.

A partir do dia 22 de novembro, será dado início à Semana pela Vida e Liberdade Religiosa, atividade que terá como ponto final a III Caminhada do Povo de Santo, no dia 25 (domingo), realização do Coletivo de Entidades Negras (CEN) que, há dois anos, tem mobilizado adeptos do Candomblé de diversos estados no combate aos atos de intolerância praticados contra a religião.

PROGRAMAÇÃO
Dia 22, às 14h - Assembléia Legislativa
Audiência Pública - "Políticas e Liberdade Religiosa”

Dias 23 e 24, 8h00 às 18h - Bahia Othon Palace
Seminário Pela Vida e Liberdade Religiosa
Temas:
A mídia e as religiões de matriz africana no Brasil.
A melhor defesa é o ataque?
Hierarquia Querendo ou não existe, sinônimo de humildade e respeito.
Jêje, Banto ou Nagô sou do candomblé sim!
Sou da terra e partilho o Axé e o Gunzu, O Candomblé de Caboclo na Bahia.
Cultura, Meio Ambiente e folhas! Garantia de direitos vitais do Axé!
Domínio público X Domínio sagrado.
Candomblé de livro ou candomblé de fato.

Dia 25 (domingo), às 9h - Engenho Velho da Federação (busto de Mãe Runhó) ao Dique
III Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa
Abraço simbólico ao Dique
Apresentações artísticas e show musical

Colóquio Internacional sobre Descolonização do Conhecimento

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Negros morrem mais de violência; brancos, de doença

Não chega a ser novidade para aqueles que conhecem, mesmo que só um pouco, a realidade da periferia. Há décadas, o movimeno negro denuncia o extermínio da população negra, política de Estado destinada ao controle populacional e da mão-de-obra - executada em grande medida pelo próprio Estado - e que atinge de maneira mais eficaz a juventude negra.

Mas não deixa de ser importante um estudo como esse, na medida em que demonstra, estatisticamente e comparativamente, como age a desigualdade racial no Brasil. Informação importante para qualquer militante dispor como argumento, especialmente na defesa das ações afirmativas.

Nilton Luz

Negros morrem mais de violência; brancos, de doença

20/11/2007 11:43:23

A desigualdade racial brasileira, já bastante dissecada a partir de indicadores de renda e escolaridade, pode também ser constatada pelo padrão de mortalidade de cada grupo. Entre os homens negros, a principal causa de mortalidade foram as externas (homicídios, acidentes e outras razões não-naturais). Entre os brancos, essas causas são o terceiro item mais comum, atrás das doenças do aparelho circulatório e das neoplasias (tumores).

Além de negros -somatório de pretos e pardos no estudo- e brancos apresentarem padrão de mortalidade diferente em 2005, estudo dos pesquisadores Marcelo Paixão e Luiz Carvano, da UFRJ e do Laboratório de Análises Estatísticas Econômicas e Sociais das Relações Raciais, mostra que, desde 99, cresce a desigualdade entre os dois grupos quando se comparam as taxas de mortalidade por homicídios, HIV, tuberculose e problemas no parto.

Em alguns casos, essa desigualdade cresceu porque houve melhoria dos índices entre brancos e piora entre os negros. Foi o que ocorreu, por exemplo, com os homicídios. De 1999 a 2005, a taxa de assassinatos por 100 mil homens brancos caiu de 36 para 34 mortes. No mesmo período, a mesma taxa entre os homens negros aumentou de 52 para 61 por 100 mil.

O estudo mostra que esse padrão de aumento da desigualdade aconteceu mesmo de 2003 para 2005. Nesse período, as taxas em ambos os grupos caíram, mas a queda foi mais intensa entre os brancos.

Ao trabalhar com os microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do DataSus? , Paixão e Carvano mostram ainda que, se é verdade que homicídios vitimam mais os negros, também é verdade que os acidentes de trânsito matam mais os brancos: a taxa entre pessoas brancas em 2005 foi de 20,8 mortes por 100 mil habitantes. Entre as negras, ficou em 17,1 por 100 mil.

Especificamente quando se analisa os atropelamentos, os dados se invertem: 5,5 mortes por atropelamento por 100 mil habitantes, ante 5,1 mortes por 100 mil entre os brancos.

No que diz respeito à mortalidade por HIV/Aids, os pesquisadores identificaram que o único grupo em que há redução de 1999 a 2005 é o de homens brancos. Nos demais (homens negros e mulheres brancas e negras), as taxas aumentaram.

Outro ponto destacado pelos pesquisadores é que, entre os negros, o percentual de mortes por causas mal definidas -um indicador de maior precariedade no atendimento médico- é muito maior. Entre mulheres, 15% das mortes em 2005 não foram definidas, percentual que cai para 8% entre brancas. Quando se compara a mortalidade por problemas no parto, novamente é verificada melhoria na razão de mortalidade das mulheres brancas, enquanto entre as negras as taxas pioram.

Fonte: Folha de São Paulo
Site do Laboratório de Análises Estatísticas Econômicas e Sociais das Relações Raciais - LAESER: Clique aqui

POR UMA UNIVERSIDADE SEM RACISMO

A história do Brasil tem sido para a população negra, a história da exclusão. Marginalizada, vitimada pela violência, pela falta de saúde e de emprego, impedida na produção do conhecimento cientifico e fora das universidades.

Depois de quatro séculos de exploração, a população negra foi abandonada pelo Estado, que utilizou a importação de mão de obra européia para o seu novo projeto de desenvolvimento nacional. Empurrou negros e negras para a margem da sociedade brasileira, viciando a estrutura do Estado, suas instituições, em congruência a um movimento global de ascensão do capitalismo e fomentação de regimes mais cruéis e eficazes de opressão social.

Os movimentos políticos de contestação, ao contrário do que a História se acostumou a repetir, não começaram com a luta dos imigrantes e os movimentos operários no Brasil. Iniciou-se com a subversão de negros e negras que não se conformavam com o sistema de escravidão e passaram a ser opositores a política do Estado, construindo como pólo de resistência na figura, sobretudo, dos Quilombos. A resistência também era feita nas irmandades, nas manifestações culturais, na luta pela igualdade de direitos.

No século XX essa luta ganhou um novo impulso com o Movimento pelos Direitos Civis nos EUA nos anos 60 e a discussão das políticas de Ações Afirmativas em todo o mundo. No Brasil, na década seguinte surge o Movimento Negro Unificado com figuras como Edson Lopes Cardoso e Lélia Gonzalez. Um novo fôlego na luta pela igualdade racial no Brasil é dado pela fundação do MNU que daí passa a discutir de forma mais especifica o caráter do racismo brasileiro e a propor políticas especificas para a população negra.

O maior desafio para pensadores, pensadoras e militantes da luta pela igualdade racial é justamente desmascarar o racismo, dissimulado sob o véu da democracia racial. Este mito tem justificado frente à sociedade brasileira políticas universalistas que de fato reproduzem a lógica racista do sistema, mas aportam-se em princípios como democracia e igualdade. Partindo destas premissas, não se leva em conta a situação de desigualdade que a população negra já encontra dentro do sistema, como a falta de acesso à educação básica de qualidade, a um sistema de saúde eficaz, a empregos.

Em 2004, a Universidade Federal da Bahia aprovou, graças a pressão do Movimento Negro e de entidades do movimento estudantil, a reserva de vagas para afrodescentes e indiodescendentes. Um novo cenário surge na universidade deste então. Demos um passo importante na democratização da universidade, possibilitando que uma parcela significativa da população participe da produção do conhecimento científico que historicamente lhes foi negado. Conhecimento este, ainda eurocêntrico e elitista, que nega o papel essencial que a comunidade negra desempenhou na construção do Brasil, tanto política, como material e culturalmente; que deturpa sua história, suas religiões, manifestações culturais; que mascara o racismo brasileiro e forja assim uma intelectualidade que não compreende as dimensões subjetivas e materiais que o racismo brasileiro comporta.

Devemos discutir uma nova idéia de produzir conhecimento, uma outra epistemologia, e fazer com que este conhecimento seja democratizado, popularizado, como um bem da sociedade. Devemos fazer a universidade dar um passo a frente. Pensar políticas efetivas de permanência para os/as estudantes cotistas. Medidas que permitam estes/as estudantes darem um bom andamento em seus cursos, terem acesso às bolsas de pesquisa, à extensão, a outras atividades acadêmicas. Precisamos discutir uma assistência estudantil que atenda às demandas dos estudantes que delas necessitam.

Gestão Quilombo Kizomba: Ousar Ser Diferente
2007-2008

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