Construindo diálogos por uma UFBA sem homofobia!
Homofobia: é a postura de medo, repulsa, ódio, perseguição e práticas de violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).
O movimento LGBT no Brasil vem travando diversas batalhas e obtendo avanços significativos nos últimos anos na luta pela livre orientação sexual e identidade de gênero. Prova disto está no lançamento do Plano Nacional LGBT (Maio 2009) bem como da Coordenação-Geral LGBT na SEDH (Outubro 2009) – avanços inéditos na consolidação de instrumentos para defesa do direitos de LGBTs.
No dia 19 de maio 2010 o movimento realizou a sua 1ª Marcha a Brasília, contando com mais de 3 mil militantes e entidades de diversas partes do país que reivindicavam a criminalização da homofobia e a aplicação do Plano LGBT. No dia 04 de Junho de 2010 o Movimento obteve outra importante vitória, o Presidente Lula decretou o dia 17 de Maio como o Dia Nacional de Combate a Homofobia.
A militância baiana também tem se mostrado cada vez mais articulada e atuante. O Fórum Baiano LGBT tem sido uma entidade atuante e representativa das nossas bandeiras e lutas LGBT no Estado. Prova da eficiência de sua atuação deu-se com a recente criação do Comitê Estadual LGBT na Bahia, que irá auxiliar a implementação de políticas no Estado.
Outra grande vitória aconteceu por meio da Portaria 220/09 da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza, que reconhece o uso do nome social de Travestis e Transexuais no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) da Bahia - um exemplo a ser seguido por outras Secretarias, Órgãos e Entidades.
Dados FPA
A principal estratégia para reverter este quadro é ocupar cada vez mais espaços da sociedade buscando garantir a cidadania plena a LGBTs, bem como denunciar as discriminações, diferenciações e exclusões que sofrem essas pessoas por conta de sua orientação sexual e identidade de gênero. É necessário buscar uma transformação radical na sociedade para o convívio com as diferenças. Também é preciso garantir visibilidade às categorias sócio-sexuais e fomentar a criação de políticas que auxiliem a ampliação da luta pela livre expressão sexual de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
Todas e todos sabemos que a Universidade constitui-se como um importante espaço para operar transformações sociais reais. Nelas estão os futuros profissionais que ocuparão os espaços que tanto queremos modificar. Por isso é preciso que a educação superior pública, em especial, esteja completamente articulada com essas novas políticas e modelos de pensamento, para que possamos garantir no presente e para o futuro uma sociedade livre da homofobia e de todas as formas de opressão. Acreditamos que só garantindo o combate a preconceitos e estigmas, seguiremos fortes na construção de indivíduos sociais capazes de encaminhar as transformações necessárias para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e radicalmente democrática.
Na Universidade Federal da Bahia o movimento LGBT, através do Kiu! – Coletivo Universitário pela Diversidade Sexual-, e em conjunto com as e os estudantes da universidade, deram um grande passo a partir da criação da Diretoria LGBT do DCE no seu Sexto Congresso - ano passado. Porém, a luta contra a homofobia dentro da universidade se faz cada dia mais necessário, especialmente quando assistimos casos de agressão a estudantes homossexuais nas residências, a homofobia institucional ou informativos dos diretórios e centro acadêmicos com mensagens que fazem apologia a violência homofóbica.
Outro exemplo dessa luta está na ausência de travestis e transexuais nos espaços da nossa Educação. O respeito ao uso do nome social é um ponto fundamental de reivindicação e luta dentro e fora da Universidade. Fica a reflexão de como deve é suportável ficar numa sala de aula em que a professora ou o professor te chama de um nome pelo qual você não se sente e identifica?
Poucos são os exemplos que temos de avanços nas Universidades nesse sentido. Na Universidade Federal do Amapá, onde travestis e transexuais têm o direito de usar o nome social (como preferem ser chamados), bem como a utilização dos banheiros femininos por travestis e transexuais, que já ocorre na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Desta maneira, compreendendo a importância de contribuir na construção de transformações reais na luta pela livre orientação sexual e identidade de gênero, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Bahia convoca a todas e todos estudantes, Diretórios e Centros acadêmicos a construir uma grande campanha de mobilização na UFBA que vise o combate a homofobia, lesfobia e a transfobia na nossa Universidade. Uma campanha por uma UFBA SEM HOMOFOBIA!
Nesse contexto, nos somamos a construção do IV Universidade Fora do Armário (UFA!) – organizado pelo Coletivo Kiu! e que acontecerá no segundo semestre deste ano, bem como fazemos um chamado para iniciarmos um novo período de construção de políticas afirmativas pela diversidade sexual na UFBA, auxiliando na promoção da cidadania e dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais a partir da nossa universidade.
A importância de nos organizarmos para a construção de uma sociedade mais justa e democrática é cada vez mais emergente. Lutar contra os padrões heteronormativos que ainda constituem e sustentam a sociedade brasileira e, não diferentemente, a nossa universidade é colocar a construção de uma sociedade sem homofobia, lesfobia e transfobia como uma tarefa fundamental de todas e todos nos.
Sigamos, na luta, construindo diálogos por uma universidade fora do armário!