CETAD UFBA

"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes."
Antonio Nery Filho

Proibição de aditivos reduzirá número de novos fumantes

Matéria: CETAD Observa

Imagens: Rodrigo Denúbila (1ª) / DigaoSPBR (2ª)


gudan.jpg A decisão da Diretoria Colegiada da ANVISA em proibir a produção e importação de cigarros com aditivos de aroma e sabor (RDC n°14/2012), no prazo máximo de 2 anos, poderá diminuir ainda mais a estatística de novos dependentes de tabaco no país.
Isto porque, de acordo com pesquisa realizada pela Fiocruz e divulgada na última semana, mais de 30% dos estudantes brasileiros (30,4% do sexo masculino e 36,5% do feminino) já experimentaram cigarro e destes, mais da metade (58,2% do sexo masculino e 52,9% do feminino) revelaram preferir cigarros com sabor.

"Quando questionados quanto ao uso desse tipo de produto, eles afirmam que foi por causa do seu sabor”, explicou Vera Luiza Costa e Silva, coordenadora da pesquisa que contou com dados de mais de 17 mil estudantes de 13 capitais brasileiras.

Sedução de novos consumidores

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) também manifestou apoio à resolução da ANVISA em nota divulgada também na última semana. De acordo com a carta, o objetivo da indústria do tabaco se esforça para "tornar seu produto agradável, acrescentando aditivos variados, como açúcar, mel, cereja, tutti-frutti, chocolate, dentre outros, com único objetivo: atrair jovens."

No entanto, conforme explica o coordenador do Grupo de Atenção e Investigação da Adolescência (GAIA/CETAD/UFBA), Luiz Alberto tavares, "estas estratégias de sedução utilizadas pela indústria do tabaco apagam os efeitos danosos que a nicotina e o alcatrão podem produzir no organismo, como o câncer de laringe, de pulmão, de próstata e de bexiga".

Seis milhões de vítimas em 2010

bituca.jpg Efeitos estes que, somente em 2010, levaram à morte cerca de seis milhões de pessoas, conforme divulgado pela OMS. O número de vítimas impressiona tanto quanto o lucro obtido no mesmo ano pelas seis maiores empresas do ramo tabagista: US$ 35,1 bilhões.

No Brasil, o cigarro faz uma média de 200 mil vítimas todos os anos, no entanto, as medidas para regulação e controle deste mercado tem revelado avanços na diminuição no número de fumantes. Hoje, para uma população de 25 mil fumantes, temos uma superior (26 mil) de ex-fumantes, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

"Light", "Soft", "Suave"

Outra decisão também presente na RDC 14/2012 é a proibição de termos nas embalagens de cigarros e derivados de tabaco, que evidenciem teores diferenciados de nicotina e alcatrão.

Expressões como "classe(s), ultrabaixo(s) teor(es), baixo(s) teor(es), suave, light, soft, leve, teor(es), moderado(s), alto(s) teor(es)", dentre outras, estão proibidas por trazerem uma idéia equivocada de menor risco à saúde dos consumidores.

Tavares alerta para a utilização destas estratégias pela indústria de bebidas alcoólicas. "Não é à toa que a indústria incrementa o mercado com as bebidas ice, ou com bebidas misturadas a suco de frutas, tudo isto visando o público jovem, numa tentaiva de glamourizar o que é da ordem do destrutivo", conclui.


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