Representações sociais dos profissionais do Programa Saúde da Família sobre o uso de drogas psicoativas no município de Fortaleza
por DE MEDEIROS, Joedna Souza em
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As transformações que vêm ocorrendo no mundo globalizado tem ocasionado mudanças nos diversos segmentos sociais como o educacional, econômico, cultural e o de saúde, contribuindo, assim, para a condição de instabilidade na vida moderna. Nesse contexto, muitas pessoas desejam escapar, seja pela destruição da velha ordem e criação de um mundo novo e melhor, seja pela retirada para um mundo interior, utilizando, para isso, as substâncias psicoativas O consumo das drogas sejam lícitas ou ilícitas que parecem ter aumentado na conjuntura atual, tem-se tornado um desafio no campo da saúde e para os estudiosos das áreas humanas, sociais, educacionais e jurídicas, que tentam compreender como as informações e medidas preventivas podem enredar-se em leituras de teias simbólicas inscritas em ações concretas vividas pelas populações. Nesse ponto, destacamos que o Programa Saúde da Família, por ser estratégia do Sistema Unico de Saúde e por visar a ações de promoção e prevenção em saúde popular, deveria favorecer e garantir a mudança de paradigmas, de práticas e de resultados em torno do campo da saúde. Assim, este estudo teve como objetivo apreender as representações sociais dos profissionais da equipe de saúde da família na Unidade de Saúde do Pirambu, acerca das drogas psicoativas e seus usuários no município de Fortaleza. O estudo utilizou, como método de investigação, a análise qualitativa e foi estruturado com o aporte teórico-metodológico da Teoria das Representações Sociais. O instrumento utilizado para coletar os dados foi um roteiro de entrevista semidirigida, em que foi utilizado um gravador mediante a autorização dos participantes. Os dados foram analisados conforme o método de categorização proposto por Bardin (1977). Os profissionais do PSF que participaram do estudo utilizam um discurso da ordem do direito e da penalidade, demonstrando ofuscar o potencial de suas ações na comunidade, sobretudo no âmbito preventivo, insentando-se de vinculações com as práticas de saúde. Para esses profissionais parece existir uma representação de naturalização e vulgarização do consumo das drogas ilícitas na comunidade estudada. Verificamos que os profissionais reificam os sujeitos usuários das substâncias ilícitas. Assim, as representações sociais dos profissionais do Programa Saúde da Família estudado, parecem caracterizar o usuário das drogas ilícitas como um indivíduo excludente do meio social, que está ancorado no imaginário social do qual se desvincula o ato do uso da droga e do todo da pessoa, com suas características subjetivas, singulares de cidadão, negando-se-lhe uma visão mais totalizadora de si como sujeito. Nesse ponto, percebemos que as práticas de saúde preventivas voltadas para o sujeito usuário, principalmente quando o início do consumo ocorre na juventude, possui uma dimensão esquecida no PSF em decorrência do modelo formado dos profissionais que situam o discurso, ora no nível patológico, ora no campo jurídico das sanções. É importante, então, no campo da representação social, a orientação para uma reconstrução da complexidade das relações sociais estabelecidas por esses profissionais, bem como da sociedade em relação às drogas ilícitas e seus usuários