Novas Fronteiras do Trabalho: Vivências à Margem dos Trabalhadores do Tráfico de Drogas
por DE OLIVEIRA, Juliana e Silva em
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O presente trabalho visa trazer uma compreensão sobre a vivência de trabalhadores frente à realidade do processo de inserção laboral de formas atípicas de trabalho, segundo o modelo salarial, consideradas em uma posição à margem da sociedade. Mais especificamente, temos o objetivo de fazer uma pesquisa exploratória sobre os trabalhadores do tráfico de drogas frente à sua posição de marginalidade, levando em consideração a importância de seus ganhos financeiros. Damos início a este estudo discutindo sobre as mutações do sistema capitalista, a partir de novas forças de dominação, que traz como conseqüência algumas reformulações nas formas de gerir o trabalho, disseminando a flexibilidade e a precarização, que por sua vez tem justificado o aparecimento de ocupações cada vez mais atípicas de inserção. Partindo da visão de produção de subjetividade por meio das práticas sociais, percebemos que esse processo de reestruturação produtiva interfere na constituição dos trabalhadores na contemporaneidade, regida pelos princípios do consumo. Com base nessa contextualização, tentamos investigar as realidades laborais dos trabalhadores do tráfico de drogas. Observamos que tal ocupação também obedece à lógica do capital e que surge em resposta à marginalidade econômica, funcionando como uma alternativa ilegal à massa de trabalhadores que não consegue uma inserção legal. Traçado esse percurso teórico, seguimos para a realização da pesquisa qualitativa com cinco trabalhadores do tráfico de drogas de dois bairros da cidade de Fortaleza. Realizamos entrevistas semi-dirigidas que foram submetidas a uma análise semântica de conteúdo. Os conteúdos foram organizados em quatro categorias, para efeito meramente didático, com o intuito de facilitar a compreensão dos dados: motivos de inserção e permanência, os significados atribuídos ao trabalho, organização do trabalho no tráfico de drogas, consumo e a inserção limitada. A partir das análises, podemos dizer que o tráfico de drogas é uma categoria complexa e traz contradições, visto que se encontra em uma posição de marginalidade, mas acaba correspondendo, devido aos ganhos que proporciona, a um meio de reconhecimento e inserção, pelo menos ao nível do consumo. No entanto, tal inserção mostra-se limitada, idéia aproximada com o conceito de inserção marginal de Castel (1998), pois os trabalhadores de tal atividade continuam vivenciando uma situação marginal, ante a restrição de participação social de determinados grupos e coletivos frente ao contexto mais amplo da sociedade.