CETAD UFBA

"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes."
Antonio Nery Filho

O recurso à droga nas psicoses: entre o objeto e significante

por MARTINS, Viviane Tinoco em

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Autor Ano Local de Publicação Local Tema
MARTINS, Viviane Tinoco 2009 Rio de Janeiro Rio de Janeiro

Instituição de Origem Estado Instituição Instituição Responsável
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS INSTITUTO DE PSICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA

Formato da Obra Formato Disponível Número de Páginas Idioma
Tese de Doutorado Texto integral 239 Português

Resumo

A presente tese tem como objetivo investigar a articulação entre a clínica das psicoses e o consumo de drogas. Com base em um percurso que articula teoria e clínica, elaboramos uma hipótese central que norteia nossa pesquisa calcada na adoção da terminologia recurso à droga, cuja etimologia remete à idéia de uma tentativa de apaziguamento de dificuldades, que, em nosso trabalho, corresponde à tentativa de dar uma solução aos efeitos da foraclusão do Nomedo- Pai. Ao formularmos nossa hipótese, tivemos o cuidado de introduzir a noção de tentativa de solução para apontar que este recurso não é absoluto e pode apresentar fragilidades. Reconhecer essa fragilidade permite que nos afastemos da interpretação de alguns autores, que reconhecem que o uso de drogas pode operar, em alguns casos, como uma suplência à foraclusão do Nomedo- Pai. Nossa tese é fundamentada pelo ensino de Lacan, com ênfase em suas contribuições provenientes sobre o conceito de significante e a noção de Verwerfung, passando pelos avanços decorrentes da conceituação do objeto a, cuja conseqüência foi a pluralização dos Nomes do Pai, e da introdução da topologia dos nós, que lhe permitiu re-articular a noção de suplência na década de 70. Ao longo desta trajetória, também nos apoiamos na obra de Freud, tomando como bússola a articulação de Lacan dos textos freudianos. Nossa hipótese central desemboca em mais duas hipóteses sobre o estatuto de droga: (1) a oscilação entre objeto e significante, e (2) que o seu consumo comporta alguns modos de operação na dinâmica psíquica das psicoses. Assim, identificamos dois modos de operação da droga: o primeiro corresponde à irrupção de um gozo ilimitado, que pode comparecer nas psicoses já desencadeadas e participar da cena dramática do desencadeamento desempenhando um papel coadjuvante. A relação entre droga e gozo apresenta um paradoxo: para alguns casos, o seu consumo opera liberando um gozo excessivo e, em outros, permite uma moderação do gozo. O segundo modo de operação da droga corresponde às tentativas de estabilização e correspondem a cinco modalidades: a moderação de gozo, a passagem ao ato, a compensação imaginária, o delírio e a escrita, que se articulam com o recurso à droga de acordo com a singularidade de casos clínicos que serão apresentados. Empreendemos uma articulação entre os modos de operação da droga e seu duplo estatuto de objeto e significante. Quanto à dimensão da escrita, a partir do estudo de um caso clínico encontramos um novo estatuto da droga, a saber, de letra, que condensa o gozo, depositando-o nas palavras escritas.

Palavras Chave psicanálise, psicose, drogas, objeto, significante, estabilização psicótica, suplência e letra
Link Tese de Doutorado
Referência para Citação MARTINS, Viviane Tinoco. O recurso à droga nas psicoses: entre objeto e significante Rio de Janeiro: UFRJ/IP, Tese(Doutorado em Teoria Psicanalítica) 2009
Observação Material linkado com o Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações - Bilblioteca Digital UFRJ.


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