Tratamento de dependentes de drogas : dialogos com profissionais da area de saude mental
por Rezende, Manuel Morgado em
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No presente estudo, apresentamos e discutimos, uma revisão bibliográfica sobre aspectos individuais, familiares e socioculturais do uso, abuso e dependência de drogas, dando ênfase às intervenções terapêuticas. Em geral, optamos por apresentar detalhadamente estudos da literatura científica atual, os quais foram considerados padrões para o aspecto discutido. Destacamos, outrossim, documentos da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1996) que refletem a preocupação com a necessidade de avaliarem-se os tratamentos de usuários de drogas, bem como o treinamento e a formação dos profissionais que atuam na assistência a estes usuários e na prevenção ao consumo de substâncias psicoativas. Entrevistamos vinte e dois profissionais de Saúde Mental, de diversas formações de nível universitário - Medicina, Serviço Social, Terapia Ocupacional, Psicologia, Enfermagem, Psicanálise - que atendem farmacodependentes nas cidades de Taubaté e São José dos Campos, localizadas no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo. Incluímos, na presente pesquisa, profissionais que atuam nos hospitais psiquiátricos (localizados em São José dos Campos), na área de Saúde Mental do serviço público e (ou) em consultório particular das cidades supracitadas. Investigamos características relativas à formação, atuação e alguns dos pontos de vista e observações destes profissionais sobre a experiência de atendimento a pacientes que apresentam transtornos relacionados a substancias. Compilamos o que os profissionais pensam do usuário de drogas e da família deste, quais os objetivos estabelecidos para o atendimento e quais os métodos e (ou) técnicas enipregados para que tais objetivos sejam atingidos. Abordamos, também, os resultados que eles relatam ter obtido, os critérios para avaliação destes, as principais dificuldades encontradas no decorrer dos atendimentos, se empregam alguma forma de registro de dados e de observações e se ocorreram mudanças na compreensão da dependência de drogas no decorrer da experiência profissional. A análise estatística descritiva, da amostra pesquisada, revelou que o tempo médio de experiência na área é de 13.1 anos. A quase totalidade dos profissionais começou a lidar com dependentes de drogas por acaso, 4.6 anos, em média, após o término da graduação. Em geral, não tiveram formação prévia. Atendem uma média de 17.2 pacientes e de 9.5 famílias por semana. Os diálogos com os entrevistados indicaram que há insatisfação com os resultados obtidos e com as condições de trabalho. Praticamente não há cursos de recic1agem, controle de eficácia, ou "follow-up". A improvisação e o uso de técnicas ec1éticas predominam sobre as intervenções definidas e avaliadas sistematicamente. A experiência assistencial é dominante em relação a de pesquisa, ou de atualização da literatura científica especializada