O Processo de Contato com Drogas: Uso e Abuso, Sentidos e Lugares
por BITTENCOURT, Adroaldo em
« Voltar
Esta dissertação insere-se no âmbito do Laboratório de Psicologia da Saúde, Cultura e Sociedade, do Mestrado em Psicologia, e alinha-se a estudos voltados à prevenção de doenças e promoção da saúde, enfocando a problemática da dependência de substâncias psicoativas. O objetivo geral da pesquisa foi compreender os sentidos que são atribuídos ao processo de adicção, na perspectiva de pessoas em tratamento para recuperação da dependência dessas substâncias. Para o seu desenvolvimento, adotamos o método qualitativo, tendo como base teórico-metodológica a abordagem sobre práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano e a literatura especializada em drogadicção e nos processos de prevenção de doença e promoção da saúde. A pesquisa foi realizada no Centro de Apoio, Reabilitação e Terapia ao Dependente Químico (CARTA), envolvendo 37 pessoas, em tratamento, no período da pesquisa, e que aceitaram o convite para participar das “Oficinas sobre Substâncias Psicoativas”. No total realizamos oito oficinas, com uma média de quatro participantes cada uma. Como resultado desta pesqusia, apuramos que o primeiro contato com algum tipo de droga – usando ou presenciando – acontece com o tabaco e o álcool ao longo da infância e, geralmente, as pessoas envolvidas são do meio familiar ou conhecidas. Já o contato com as drogas ilícitas ocorre mais na adolescência, por volta dos quatorze anos, e embora possa envolver familiares, a maior parte desse contato dá-se fora do ambiente familiar, principalmente com colegas de escola, amigos e vizinhos. Segundo os participantes da pesquisa, o envolvimento com drogas trouxe diversos riscos à sua saúde e à sua vida e, ao discutirem as possibilidades de prevenção, ressaltaram alguns aspectos importantes para pensarmos estratégias de prevenção. Por exemplo, que são necessárias campanhas de prevenção direcionadas, também, contra o uso do álcool, uma vez que esse se caracteriza como a porta de entrada para outras drogas, principalmente em casos de recidiva. Em síntese, independentemente de serem lícitas ou lícitas, as drogas trazem prejuízos às pessoas e à sociedade. Entretanto, a análise mostrou que é necessário evitar o moralismo como forma de abordagem e que as campanhas de prevenção devem ser elaboradas por equipes multidisciplinares que contenham diferentes profissionais da área de saúde, mas também pessoas que já tiveram problemas com drogas. Por fim, observamos que as oficinas usadas para esta pesquisa podem constituir uma estratégia a ser utilizada como parte do processo terapêutico com as pessoas em tratamento no CARTA.