Uso de psicofármacos em tentativas de suicídio - Registros do CIAVE em 2004-2006
por CONCEIÇÃO FILHO, Jucelino Nery (et al.) em
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De acordo com dados da ONU, o suicídio e a tentativa de suicídio encontram-se entre as 10 principais causas de morte no mundo para indivíduos de todas as idades e entre a segunda ou terceira das maiores causas entre 15 e 34 anos. O Brasil ocupa a nona posição mundial em números absolutos e septuagésima primeira de suicídio no mundo. Nos anos de 1999-2002, os medicamentos corresponderam ao principal agente de intoxicações (28,2%), sendo 19,88% destas envolvendo tentativas de suicídio. Dentre os medicamentos mais empregados nas intoxicações intencionais estão os benzodiazepínicos (28%), com 13% do total ocasionados pelo Diazepam em 2003-2004. Os anticonvulsivantes foram o segundo
grupo de maior incidência nas tentativas de auto-extermínio em 2004 e o terceiro em 2003, com a incidência da Carbamazepina de 6,28% e 10,47% respectivamente. Os antidepressivos corresponderam a 10% dos casos de intoxicação: Amitripitilina por 51% e Fluoxetina por 31%, em 2003, e em 2004, 68% e 5,50%, respectivamente. Objetivos: Avaliar a incidência do uso de psicofármacos em tentativas de suicídio, estabelecendo o perfil destes eventos nos casos registrados pelo CIAVE-BA no período de 2004-2006. Método: Realizou-se um estudo retrospectivo dos casos de tentativas de suicídio por
medicamentos registrados pelo CIAVE-BA, no período de 2004-2006, dos quais foram selecionados aqueles cujas classes pertencem aos psicofármacos. Variáveis como: idade e sexo dos pacientes, classe dos psicofármacos envolvidos, quantidade de agentes,
classificação e evolução dos casos foram tratados estatisticamente através do programa SPSS e avaliados. Resultados: Neste período, o CIAVE registrou 19.249 casos de intoxicações humanas por diversos agentes, sendo 4.281 (22,2%) com o uso de
medicamentos. As tentativas de suicídio corresponderam a 41% destes casos, com o predomínio de medicamentos considerados como psicofármacos, sendo os mais freqüentes o fenobarbital, o diazepam, a carbamazepina, o haloperidol e o clonazepam. Conclusão: Deve-se atentar para a importância das intoxicações por esta classe de medicamentos, os quais deveriam ser comercializado e dispensados sob rigoroso controle, de acordo com a legislação, e que tem sido muito utilizado nas intoxicações intencionais. A fácil disponibilidade destes medicamentos e o relativo abuso nas prescrições tendenciam a esta realidade.