No contexto da vida dos pescadores, marisqueiras, aquicultores familiares, um processo educativo precisa acontecer motivado por outros parâmetros e outras lógicas. O tempo é, obviamente, um dos elementos que mais precisa ser levado em conta na formulação do curso de alfabetização. Pode ser muito empobrecedora a experiência educativa que não inclui a dinâmica de vida de seus principais atores: os/as aluno/as e as/os educadoras/s. No caso dos pescadores, marisqueiras, aquicultores familiares, essa lógica é regida pelos fatores da natureza e da sobrevivência. Estes/as jovens e adultos realizam o seu trabalho em função das condições oferecidas pela natureza. Suas vidas giram em torno de um outro referencial de tempo. Não é mais o horário convencional que dita o tempo de trabalhar e o tempo de descansar. Eles/as simplesmente obedecem a um calendário que não combina com o funcionamento convencional da sociedade como um todo.
Partindo da premissa de que a disponibilidade de tempo desse público alvo vai variar entre as diversas comunidades pesqueiras e aqüícolas existentes no Estado da Bahia, se torna necessário pensar modos de funcionamento da alfabetização no que se refere ao tempo e sua organização, de maneira a completar uma carga horária de 320 horas-aula, equivalente a 8 (oito) meses.No caso específico desse projeto, o período do defeso é um momento propício para se intensificar os trabalhos da alfabetização. Apesar disso, é um período insuficiente para se realizar um trabalho de alfabetização realmente produtivo. Mesmo com variações entre os municípios, esse tempo é sempre muito reduzido para responder à complexidade de um processo de alfabetização. Dependendo da localidade, a duração do tempo do defeso é diferenciada e isso tem repercussões na forma como a alfabetização pode acontecer. Por isso mesmo, terminado o período de defeso, as aulas não são encerradas o que demanda uma negociação com os alunos sobre o melhor modo de funcionamento para todos.
Para alcance dos objetivos propostos, utilizar-se o método sincrético de alfabetização, ou seja, significação da palavra, frase ou parágrafo sem a preocupação analítica, de modo a desenvolver habilidades e promover interesse pelo aprendizado da leitura-escrita, até se constituírem em sentenças. Avaliação processual:diagnóstica-somativa, baseada na aprendizagem significativa do aluno, levando em consideração o contexto de vida do mesmo.