PLANO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


Tema

Uma proposta de Sistema Operacional customizado para uma programação de Rádio Web.

Orientador

Antonio Soares de Azevedo Terceiro.

Co-orientador

Nelson De Luca Pretto.

Objetivo

Implementar uma solução livre em CD envolvendo o Sistema Operacional Debian GNU/Linux que contenha pacotes para instalação de rádio web, tornando-se uma ferramenta para uso educacional em diversas instituições de ensino (escolas, universidade, etc).

Justificativa

Há muito tempo que a utilização de rádios para disseminação da informação vem sendo utilizada pela comunidade mundial. Muitas vezes sem a participação efetiva da população, esse meio de comunicação vem sofrendo alterações em sua estrutura no modo de produzir conteúdo e informar os ouvintes. Observando-se o aumento do uso de computadores e da internet, da necessidade de produzir conteúdos colaborativamente e da existência de sistemas operacionais abertos passíveis de contribuição, faz-se necessário aproveitarmos essa realidade para uma maior participação na elaboração de áudio e transmissão destes via internet.

A rádio web torna-se fundamental nesse processo porque possibilita que a informação chegue em qualquer parte do mundo utilizando ferramentas simples e leves dentro de um sistema livre, ou seja, podemos utilizar computadores de baixo custo. O sistema educacional pode ser um dos mais favorecidos, pois poderá utilizar esta solução para integrar todo o corpo estudantil e docente da instituição de ensino (escolas, universidade, etc) visando a produção de áudio colaborativo. Por isso, será importante também um estudo de caso com educadores no intuito de aprofundar a relação intuitiva do usuário com o software.

Para a realização do projeto será estudada a infra-estrutura do sistema operacional livre Debian GNU/Linux, que permite a criação de CDs de instalação personalizados com softwares pré-instalados e pré-configurados para públicos-alvos específicos. Será criada uma versão personalizada do Debian GNU/Linux voltado para o uso na programação de rádios web, com todas as ferramentas necessárias pré-configuradas.


TCC

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO



1- INTRODUÇÃO

O sistema de transmissão radiofônico, conhecido como rádio, sempre teve um papel importante na difusão da informação, desde os seus primórdios, passando pelas transmissões de grandes acontecimentos como as guerras mundiais, entretenimento como radionovelas, fatos esportivos e jornalísticos, e também, como fontes de formação educacional em programas de alfabetização, chegando até os dias de hoje na era digital, ainda mantendo esta mesma linha de propagadora de informações. As programações radiofônicas conseguem integrar programas musicais, regionais, jornalísticos e de prestação de serviços comunitários. Com todo esse leque, a rádio consegue atingir uma grande quantidade de pessoas.

Segundo a matéria na internet do site Ciência e Cultura, no Brasil 87,8% dos domicílios possuem aparelhos de rádio. Isso quer dizer que mais de 38 milhões de famílias ainda se utilizam do rádio tradicional como um meio de informação e diversão, apesar do crescente uso da internet principalmente para a navegação em buscas de notícias e para downloads de músicas. Percebe-se que a informática contribui bastante com o rádio, "melhorando a qualidade de som, eliminando os buracos e facilitando até a burocracia das emissoras, pois existem sistemas que emitem automaticamente relatórios de irradiação de comerciais para comprovação junto aos clientes dos verdadeiros horários de veiculação da propaganda" (SOUSA, 2002).

O rádio nasce educativo e com alguns aparatos como transmissores, mesas-de-som, microfones e, claro, o radialista. Utilizando-se desta estrutura, ela soube ter a atenção de um grande público durante décadas. Mesmo com a presença dos televisores coloridos, o rádio foi aperfeiçoando-se e melhorando suas transmissões, tornando-se algo profissional, agora com a presença de redatores, jornalistas e técnicos profissionais, por trás das notícias e demais informações trazidas ao público. O Estado percebeu e utilizou-se dele para difundir as suas ações. Em ... decretou a lei ... que regularizava a profissão de radialista. Decretou a lei ... que regularizava os serviços de radiodifusão. Código Brasileiro de Telecomunicação. etc... A Hora do Brasil.

Continuando o seu caráter educativo, em 1961, foi lançado o MEB (Movimento de Educação de Base ) pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e o rádio foi utilizado para ser o meio de comunicação no programa de alfabetização de jovens e adultos do meio rural desenvolvido neste movimento. A mais consistente experiência de utilização do rádio na construção e exercício de cidadania. [BLOIS]. Assim é descrito o objetivo do MEB:

Contribuir para promoção integral e humana de jovens e adultos, através do desenvolvimento de programas de educação popular na perspectiva de formação das camadas populares para a cidadania, buscando trilhar os caminhos de superação da exclusão social.

Assim, é possível afirmar que sempre o rádio teve um “dom” educativo. Já que se trata de uma concessão de um serviço público sujeito às regras definidas pela legislação em vigor, os rádios comerciais também transmitiam programas nestes moldes. Isto é, as emissoras educativas sempre tiveram um papel fundamental ao preservar na transmissão um conteúdo de fundo cultural e de identidade, transformando a informação num bem importante a ser valorizado.

Com as mudanças tecnológicas, tornou-se importante repensar o rádio, suas formas de transmissão e, também, naqueles que sempre estiveram envolvidos com o sistema de rádio.

O decreto 20.047, de 27 de maio de 1931 considerou a radiodifusão de interesse nacional e com finalidades educativas, sendo criada, então, a CTR, Comissão Técnica de rádio. (SOUSA, 2002)


2- Rádio: vertentes e relações transversais


2.1 Rádios Livres


As rádios livres são rádios vinculadas à luta pela democratização dos meios de comunicação. Seu surgimento se deu na década de 70 devido à grande concentração dos meios de comunicação de massa nas mãos de pessoas, famílias ou pequenos grupos. Elas surgiram caracterizado pela autonomia nos campos ideológicos e econômicos. As rádios livres deram origem às rádios comunitárias.

A primeira rádio livre que se tem conhecimento foi a Paranóica, de Vitória (ES), inaugurada em outubro de 1970 por um adolescente de 16 anos, Eduardo Luiz Ferreira Silva, amante da Eletrônica. A emissora tocava músicas e fazia críticas a figuras da cidade, mas foi logo desativada. Eduardo e seu irmão de 15 anos, que ajudava nas transmissões, chegaram a ser presos sob acusação de subversão no auge da repressão militar.(DETONI)

Uma das maiores características das rádios livres é o envolvimento de voluntários na construção da programação e na discussão do papel da emissora. Há um grande processo de produção colaborativa. Cada agente envolvido na associação que mantém a rádio (livre) pode participar ativamente da produção radiofônica. Isso é possível através da participação em assembléias. As rádios livres são consideradas rádios piratas por não possuírem uma concessão do Estado para funcionar e nem uma licença para operar numa frequência concedida pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).

Este tipo de rádio possibilita a implementação de uma outra lógica na programação, edição, produção e difusão da realidade no qual ela está inserida. Sai a lógica do capital, e entra a lógica da busca da identidade regional.


2.2 Rádios Comunitárias


Rádios Comunitárias são rádios estabelecidas em um determinado local, com raio de alcance definido por lei federal, e deve ser restrita à comunidade de um bairro ou de uma pequena cidade e em frequência modulada (FM). Esta mesma lei permite que somente haja um canal de rádio comunitária por localidade, o qual deve ser mantida por fundações ou associações registradas e dirigidas por moradores da mesma área. Essas normas foram criadas pela Lei 9.612 de 1998 e regulamentadas pelo Decreto 2.615 do mesmo ano. O conjunto das rádios comunitárias é representada pela ABRAÇO – Associação Brasileira das Rádios Comunitárias.

As rádios comunitárias desenvolvem um papel muito importante onde elas atuam. Apesar de muitas não serem consideradas verdadeiramente comunitárias, por não possuírem, por exemplo, gestão participativa, esse tipo de rádio vem mudando o panorama da comunicação no país. Neste ambiente de comunicação e difusão de informações, músicas e notícias locais, eles conseguem manter um linguagem local. Pertencimento é um dos sentimentos mais importantes causados pela rádio comunitária numa localidade ou bairro.

Podemos observar no estatuto da Associação Beneficente e Cultural Comunitária de Baixa Grande - Bahia, que tem por finalidade a execução de serviço de radiodifusão comunitária, os seguintes princípios:

  1. Dar oportunidade à difusão de idéias, elementos de cultura, tradições e hábitos sociais da comunidade;

  2. Oferecer mecanismos à formação e integração da comunidade, estimulando o lazer, a cultura e o convívio social;

  3. Prestar serviços de utilidade pública, integrando-se aos serviços de defesa civil, sempre que necessário;

  4. Contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas, de conformidade com a legislação profissional vigente;

  5. Permitir a capacitação dos cidadãos no exercício do direito de expressão da forma mais acessível possível.

As rádios comunitárias buscam ter programações educativas, culturais, artísticas e informativas para que sua região de alcance venha a desenvolver-se com vistas a uma melhoria nas questões básicas: Educação, Saúde, Saneamento Básico, etc. Elas possibilitam a integração da comunidade, pois segundo o site do Ministério das Comunicações (\cite MinCom? ) a programação deve respeitar sempre os valores éticos da pessoa e da família, prestar serviços de utilidade pública e contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas. Além disso, devem promover atividades artísticas e lúdicas, sem discriminação de raça, religião, sexo e convicções político-ideológico-partidárias.

Ela abre espaço para a pluralidade de opiniões em que a comunidade tem o direito de se expressar sobre qualquer assunto. Esta mesma comunidade pode contribuir, sugerir e propor programas e idéias para a rádio. Estas contribuições podem vir através do Conselho Comunitário da rádio, o qual é composto por representantes de entidades da comunidade. Há, enfim, uma contribuição essencial das rádios comunitárias para a ampliação da cidadania e desenvolvimento local.


2.3 Rádio Digital


As rádios digitais surgem como a mais promissora de todas. E que possivelmente será o padrão dominante no Brasil a partir dos próximos dez anos, quando os receptores digitais começarem a chegar nas casas dos brasileiros. As rádios tradicionais são analógicas, e com a digitalização dos sinais transmitidos, muitas possibilidades são cogitadas: rádio com qualidade de CD (Compact Disc), informações numa tela de cristal líquido, desaparecimento de interferências nas frequências AM e FM.

Uma única emissora poderá operar transmissões terrestres para a cobertura nacional ou local, transmissores por satélites para cobertura de grandes zonas, transmissores por cabo para zonas pequenas, além de transmitir dados e serviços especializados. (BIANCO)

Quanto à parte técnica, existem três tipos de formatos em discussão: o europeu Eureka 147 DAB ( Digital Audio Broadcasting), o norte-americano IBOC ( In-Band On-Channel) e o japonês ISDB-Tn ( Services Digital Broadcasting – Terrestrial narrowband).

Um dos pontos positivos do Eureka 147 DAB é a possibilidade de deslocamento (recepção móvel) sem interferências e sem perda de qualidade, principalmente através de túneis, viadutos ou ruas onde há edifícios altos. O IBOC permite o sinal analógico junto ao digital na mesma banda de frequência. Isso facilita a transição até a substituição total pelo digital. O formato ISDB-Tn é considerado bastante flexível porque é “possível transmitir simultaneamente para receptores móveis e portáteis que usam sinal de rádio, enquanto se transmite um sinal de HDTV (High Definition Television)” (BIANCO). Contudo, todas os formatos tem como vantagem a convergência de mídias, possibilitando o recebimento de imagens e textos.

Atualmente, vêm ocorrendo seguidos testes com o padrão norte-americano IBOC. Desde 2005, algumas rádios com muitos recursos já começaram estes testes e outras já solicitaram da ANATEL autorização para começarem. Muitas problemas estão sendo encontrados, assim como, muitas críticas das rádios de pequeno porte estão surgindo. Eles prevêem um gasto muito alto caso tenham que realmente trocar os seus equipamentos para a transmissão digital seguindo este padrão.


2.4 Rádio Web


Rádio web, ou webradio, são rádios que realizam a sua transmissão pela internet. Há rádios na internet que transmitem programas das estações regulares de AM e FM e as que transmitem exclusivamente pela rede. As primeiras rádios tradicionais começaram a migrar para a rede a partir da segunda metade da década de 90.

Acredita-se que a primeira experiência de rádio criada exclusivamente para a rede tenha sido empreendida por integrantes do movimento Mangue Beat. O programa, intitulado Manguetronic, estreou em abril de 1996 com a proposta de incorporar elementos da internet (como a hipertextualidade) à programação radiofônica (TRIGO-DE-SOUZA).

A estudiosa Lígia Maria Trigo-de-Souza, em sua pesquisa sobre rádios na internet (entre outubro de 2001 a fevereiro de 2003), caracterizou as emissoras na internet em off-line, on-line e NetRadios. As emissoras off-line são aquelas que apenas disponibilizam informações textuais do seu trabalho numa home page. As emissoras on-line, são as AM-FM na rede. Elas disponibilizam o seu áudio radiofônico. As emissoras NetRadios não existem fora da rede (como por exemplo, a Rádio FACED web, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia), são consideradas emissoras on-line virtuais.

O desenvolvimento tecnológico junto com a popularização crescente da internet permite cada vez mais a existência de diversas webradios espalhadas pelo país, das quais muitas especializadas em determinados temas: Educação, programas infantis, programações com discussão de gênero e raça, etc. Contudo, muitas desta utilizam softwares proprietários para a transmissão/recepção. Segunda esta mesma pesquisa acima, apenas 1,4% das emissoras brasileiras usavam um software diferente do RealAudio, MediaPlayer? e o Winamp.

A inovação tecnológica permitiu o surgimento do streaming (ver capítulo 4.1), tecnlogia que permite o recebimento de sons/images sem a necessidade de efetuar downloads. Com essa possibilidade, o “ato de ouvir uma rádio via internet não vai entupir seu HD” (AVILA, 2008, p. 9). A Usina do Som, com programação musical diversificada, considerada-se a primeira a ter transmitido, no Brasil, usando esta tecnologia, no ano de 2000. O uso cada vez maior da rede em banda larga, substituindo as linhas telefônicas, é outra característica importante da crescente criação de webradios.

É visto que a rádio pela internet tem um caminho muito longo e grandioso a percorrer, pois verifica-se que, apesar de possuir um alcance global, ela tem uma traço de identidade regional que faz com que pessoas, de determinada região que migraram, busquem nestas emissoras, via internet, o vínculo com a sua cidade e sua cultura.

Portanto, entre as características e vantagens das webradios com relação às rádios tradicionais podemos destacar:

  1. comunicação individual;

  2. concessão para funcionamento;

  3. direitos autorais;

  4. interatividade (chats, fóruns, enquetes);

  5. recepção (possibilidade de realizar atividades paralelas enquanto ouve a rádio);

  6. on-demand;

Por fim, assim descreve Lígia Maria Trigo-de-Souza, ao falar da convergência entre rádio e internet:

Podemos entender o sucesso do casamento entre rádio e internet como resultado da somatória de uma variedade de fatores, como o desenvolvimento tecnológico; a possibilidade de ampliação das audiências com a agregação de públicos segmentados em áreas geográficas diversas; o regionalismo, característica do rádio em comparação com o globalismo da internet; a democratização do acesso ao 'fazer rádio'; a interatividade como elo entre os dois meios; e a possibilidade de captação sem interromper a execução de atividades paralelas, inclusive o prosseguimento do processo navagacional, bem como a possibilidade de programação da audição a partir da conveniência do ouvinte”

Além disso, podemos acrescentar na facilidade com que instituições de ensino, outras entidades ou indivíduos podem se apropriar das tecnologia de transmissão utilizando softwares livres (ver capítulo 3.1) a fim de difundir suas próprias expressões de pensamento e visões de mundo e realidade local sem restrições de grandes proprietários de meios de comunicação de massa.


2.5 Rádio e Educação


O advento da radiodifusão no Brasil foi marcado pela exclusividade dos programas educativos, como por exemplo, a criação das rádios escolas. Segundo Marlene M. Blois, em Rádio Educativo: uma Escola de vida e de cidadania, além de aulas sobre diversas disciplinas, “poesia e música faziam parte de sua programação”. Neste seu artigo, ela afirma que “houve momentos distintos do seu uso com fins educativos”. Sendo assim, foram seis as fases do rádio com relação à educação. Todas estas fases foram baseadas em pontos importantes: como o real objetivo de atuação do rádio naquele momento, a ampliação do seu alcance, os avanços tecnológicos e as realidades culturais existentes.

Estas fases trouxeram contribuições importantes para a consolidação do rádio como um meio significativo com finalidades educativas, culminando com o atual cenário de convergência digital e uso intenso das TIC’s (Tecnologias da Informação e da Comunicação). Um dos problemas encontrados durante muito tempo foi a falta de aparelhos receptores por grande parte da população, ou seja, poucos podiam adquiri-los. Mas, as iniciativas criadas voltadas para a formação cidadã, para o surgimento de uma consciência política, para uma educação no campo que priorizasse a integração da comunidade, foram extremamente fundamentais para a valorização da futura popularização do rádio, enquanto veículo executor das propostas educacionais inovadoras. Projeto como a formação de professores para o uso do rádio como meio auxiliar de prática pedagógica escolar, como foi o curso de Radiofonia escolar, em 1941, foi também fundamental para essa valorização.

Eram visíveis os resultados positivos de cada ação individual voltada para o rádio brasileiro, como as ações de Roquette-Pinto, um dos pioneiros no uso desta tecnologia, que lutou para o rádio ser livre. E a formação de cadeias radiofônicas impulsionou as ações do rádio para levar ao povo de diferentes regiões programações diversificadas, mas, sobretudo, com finalidades educativas e culturais. Tanto que, em 1933, foi formada uma rede educativa com 16 emissoras transmissoras e receptoras. Essa união de emissoras veio a se consolidar quarenta anos mais tarde, com a integração delas em um sistema.

Observando essa possibilidade de grande alcance comunicacional, foi que o poder público passou a ver e ter o rádio como meio de levar educação para o povo, por meio do SER (Serviço de Radiodifusão Educativo). Aliás, foi através da intervenção do Estado com decreto-lei do regime militar que estabeleceu a transmissão obrigatória de programas educativos em todas as emissoras comerciais de radiodifusão. Mas, as ações paralelas também foram cruciais para a difusão destes tipos de conteúdos. Por exemplo, a participação de organizações sociais ligadas a Igreja Católica.

A entrada da Igreja Católica foi importante para uma maior democratização deste veículo, pois possibilitou a interiorização do rádio objetivando fins educacionais e sociais para o homem do campo. Além do que, houve uma extensão da ação do eixo Rio - São Paulo, o que gerou “novos impulsos para mudanças”(BLOIS). O episcopado brasileiro criou o programa MEB (Movimento de Educação de Base) para a alfabetização de jovens e adultos. “O MEB é a maior expressão dessa utilização do rádio com relação à reunião comunitária de conscientização, fortemente políticas”. [BLOIS]

As ações individuais, de organizações sociais e do Estado brasileiro foram explicitamente voltadas para a valorização da produção radiofônica educativa, cultural e social. Mas ainda, diante de todas essas ações, ficaram algumas questões a serem entendidas, reestruturadas e desenvolvidas para uma melhoria nelas.

Existe um conjunto de fatores que faz uma transmissão radiofônica: elaboração, produção e edição do conteúdo; manutenção e configuração dos meios técnicos; formação (capacitação) do locutor ou radialista e de outros colaboradores, se assim tiver, como redatores, jornalistas, entre outros; compreensão da realidade do público em que há alcance dos sinais; por fim, uma série de fatores que influem desde a criação à transmissão dos programas no rádio. Como dito anteriormente, as fases do rádio são “baseadas em pontos importantes”, e um destes pontos atualmente é o impacto tecnológico, é o uso intenso das tecnologias da informação e comunicação. Portanto, para uma melhor adaptação do Rádio aos dias de hoje é preciso compreender este novo cenário, o qual envolve também convergência digital (vídeos, áudio e outros dados, juntos no mesmo canal de comunicação), produção compartilhada, soluções técnicas viáveis de serem implantadas e usadas pelas comunidades e, sobretudo, escolas, em suas transmissões, enfim, pensar o rádio na era digital, na era da internet.

Sendo assim, muitas rádios se utilizam de computadores para a segmentação e produção de suas programações. Existem diversos softwares e plataformas operacionais que podem realizar esta tarefa. Porém, observamos que durante muito tempo determinados fatores não foram priorizados na produção radiofônica, mas com as novas possibilidades apresentadas atualmente, é mais do que necessário, a participação de diversos segmentos duma mesma instituição na construção das políticas de radiodifusão. Neste sentido, o software livre (ver capítulo 3) apresenta-se como uma real alternativa, tanto nas soluções técnicas viáveis para a manutenção, configuração e segmentação do sistema e da transmissão, como em sua filosofia de produção colaborativa dos conteúdos de áudio a serem difundidos. Principalmente, quando optamos também em transmitir pela internet.

Para manter-se fiel aos primórdios da rádio com o seu caráter exclusivamente voltado para a Educação, essa proposta deve ser levada em consideração, para que assim, haja uma integração entre diversos atores afim de termos um modelo de rádio livre como referencial. Segundo Angelo Piovesan, em Rádio e Educação: uma integração prazerosa, “o rádio inclui a todos: o letrado e o analfabeto, o pobre e o rico, o jovem e o idoso, a mulher e a criança”. Então, qual o melhor meio de tornar efetiva essa integração senão a partir da produção compartilhada do conhecimento? Cada qual, com certeza, tem suas contribuições a serem dadas.

Essa participação coletiva junto ao processo de produção e, também, transmissão, pode facilitar a apropriação das tecnologias atuais, computadores, seu sistema e seus aplicativos existentes. O software livre pode representar tanto teórica quanto praticamente essa opção.


2.6 Rádio e Comunicação Social


Mostrar a importância da rádio e radio web numa comunicação social mais efetiva. Democracia nos meios de comunicação, etc._

Antes de cumprir o seu papel educativo, um programa precisa cumprir seu papel comunicativo, pois a comunicação é a base sobre a qual se planta a educação. [PIOVESAN]

O rádio reconstrói a cada instante as noções de público e privado, de coletivo e individual, de local e global, de micro e macro, da parte e do todo. Não pode ser uma coisa em detrimento de outra; há de ser tudo integrado no aqui e agora. [PIOVESAN]

O rádio é, naturalmente, aglutinador de diferenças. [PIOVESAN]

3- O Projeto GNU/Linux

O projeto GNU foi fundado por um programador do MIT (Massachussets Institute Techology, nos Estados Unidos) chamado Richard Stallman visando se contrapor à lógica crescente da apropriação privada do conhecimento e criar uma plataforma livre que seguisse quatro direitos, mais tarde conhecida como as quatro liberdades do software livre (ver capítulo 3.1 – Software Livre)

Estas quatro liberdades viraram uma licença denominada GNU GPL ( GNU General Public Licence). Com este projeto vários softwares livres foram desenvolvidos, e um dos principais foi o kernel (núcleo) do Linux, criado pelo finlandês Linus Torvalds, formando assim um sistema operacional livre. O Linux não foi escrito para o projeto GNU, mas eles fizeram uma boa combinação, tornando-se um sistema funcional.

O Linux (mistura do primeiro nome do criador “Linus”, mais “Unix”, sistema que serviu de base para a implementação de outros sistemas operacionais) começou a ser desenvolvido no início da década de 90 (noventa) em uma universidade da Finlândia. O Linux é considerado como o kernel do sistema, sendo que em conjunto com os outros aplicativos (como editores de textos, planilhas, etc) forma o sistema operacional. Estes outros aplicativos foram desenvolvidos como parte do projeto GNU e, por isso, que surgiu o GNU/Linux.

O kernel é quem controla os dispositivos e demais periféricos do sistema (como placas de som, vídeo, discos rígidos, sistemas de arquivos, memória, entre outros recursos). Suas versões são identificadas por números como 2.0.36, 2.0.38, 2.6.18, 2.6.26.

Para rodar o Linux é preciso, no mínimo, de um computador 386 SX com 2 MB de memória e 40 MB disponíveis no disco rígido para uma instalação básica e funcional (Guia Foca Linux). Ele possui diversas características importantes que o faz ter um rápido crescimento: além de ser livre e desenvolvido colaborativamente, convive sem conflitos com outras plataformas (como o DOS, Windows, OS/2) no mesmo computador, suporte a nomes extensos de arquivos e diretórios e a mais de 60 terminais virtuais (console), fácil atualização de seus pacotes, utiliza permissões de acesso a arquivos, diretórios e programas em execução na memória RAM.

Este sistema é uma opção alternativa ao Microsoft Windows, sendo que com ele (o GNU/Linux) é possível qualquer país obter uma maior independência tecnológica e investir os recursos usados no pagamento de licenças em outras áreas prioritárias, como Educação, Saúde, etc.

É percebível o grande avanço do uso dos sistemas livres tanto em máquinas servidoras como de usuários comuns devido principalmente ao seu bom desempenho, performance, e segurança, características possíveis devido o seu código ser aberto, possibilitando a contribuição de milhares de pessoas ao redor do mundo.


3.1 Software Livre


  1. A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito;

  2. A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades. Acesso a código fonte é um pré-requisito para esta liberdade;

  3. A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa beneficiar o próximo;

  4. A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso ao código fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

Um programa será livre se todos os seus usuários tiverem essas quatro liberdades. Se o desenvolvedor puder revogar a licença, o software não é considerado livre. Um questão a ser estabelecida diz respeito à questão de preço. Um software livre não é o mesmo que software gratuito. “O fato de se cobrar ou não pela distribuição ou pela licença de uso do software não implica diretamente ser o software livre ou não” (Cartilha de Software Livre – PSL-BA).

Na redistribuição dos softwares livres, é preciso repassar os códigos fontes e os arquivos binários gerados de sua compilação.


3.2 Debian Gnu/Linux



3.2.1 Distribuições


Distribuições GNU/Linux são sistemas operacionais customizados objetivando determinadas necessidades. Essas necessidades podem ser específicas, focando o uso do sistema para um fim específico (uso domésticos, servidores, jogos, ambiente educacional, etc) ou voltada para uma questão mais abrangente com muitas opções diversificadas de aplicativos e funções. Cada distribuição tem sua característica própria.

Existem diversas distribuições GNU/Linux, como o Debian, Ubuntu, Kurumin, Berimbau, Fênix, Slackware, entre outras. Cabe a cada usuário fazer a sua opção com base naquilo que satisfaça melhor os seus desejos. Nos ateremos a descrever melhor o Debian, pois é com esta distribuição que este trabalho está sendo desenvolvido.



3.2.2 Debian


Debian²(site do debian) é uma distribuição GNU/Linux bastante poderosa. Essa palavra vem do nome do seu criador, Ian Murdock, e de sua esposa, Debra ( De bra + Ian).

Essa distribuição é conhecida pela sua grande estabilidade conseguida por um rigoroso esquema de testes, bem como por estar profundamente ligada à filosofia GNU. Isso ocorre devido ao trabalho de aproximadamente mil desenvolvedores espalhados pelo mundo (Cartilha Software Livre). Isso permite atingir um alto grau de confiabilidade. Tem também suporte a língua portuguesa e a muitas arquiteturas diferentes. É a única distribuição que não é mantida por uma empresa comercial.

A instalação pode ser feita sob diversas formas, por exemplo, utilizando tanto disquetes e CD-ROM quanto via FTP³ ou NFS ou através da combinação de vários destes em cada etapa de instalação. Suas atualizações são constantes e não é necessário adquirir um novo CD para este fim. Devido ao sistema de gerenciamento de pacotes (dpkg – Debian Package) a sua instalação e atualização torna-se fácil. Os programas são distribuídos em pacotes e divididos em diretórios específicos. São mais de 8500 (oito mil e quinhentos) pacotes disponíveis.

No Debian as falhas podem ser relatadas através do sistemas de tratamento de falhas. “Assim que uma falha é descoberta, é enviado um alerta (DSA – Debian Security Alert) e disponibilizada uma atualização para correção das diversas versões do Debian. Isto é geralmente feito em menos de 48 horas desde a descoberta da falha até a divulgação da correção” (Guia Foca Linux).

Com este sistema de tratamento, observamos, de fato, a confiabilidade que podemos ter nesta distribuição. Navegando pela internet, podemos também perceber a grande quantidade de lista de discussão voltadas para a solução de problemas do Debian. O suporte ao usuário também se dá por esta forma.

Sendo assim, a distribuição Debian GNU/Linux consegue satisfazer as necessidades específicas deste projeto de webradio: robustez, alta performance e velocidade de atualização dos pacotes, são fundamentais para que tenhamos um sistema sólido e eficaz.

3.2.2.1 Versões

Para os lançamentos de novas versões Debian há um processo que ocorre em etapas. Primeiramente, enquanto uma distribuição estiver em desenvolvimento, ela é denominada sid, e é considerada uma versão unstable (instável) , ou seja, uma versão que ainda sofre modificações e está recebendo novos pacotes. Quando um pacote passa um tempo sem atualizações ela é posta na versão testing. Isso significa que ele possui alguma estabilidade, mas também bugs a serem corrigidos e eliminados. Quando isso ocorrer, os pacotes são passados para a versão stable (estável). Essa é a versão considerada segura para o uso, pois passou por todos os ciclos de testes planejados.

A atual versão estável do Debian é denominada etch. A próxima, já em fase de conclusão, chama-se lenny.



3.2.3 O ambiente Gnome


O Gnome é o gerenciador de janelas oficial do projeto GNU.



<---------Teoria e parte técnica do funcionamento da rádio. Onde descreveremos o projeto técnico, ou seja, a sua configuração específica------------>


4- Rádio web: funcionamento


Para o funcionamento de uma webradio é necessário a instalação de alguns softwares e pacotes adicionais, como bibliotecas. Antes desta instalação, o usuário deve verificar se ele possui alguns destes pacotes já disponíveis. A lista dos pacotes pode ser vista em http://www...

Existem diversas formas de montagem de uma webradio, assim como, muitos softwares que podem realizar este trabalho, tanto softwares proprietários quanto os livres. Mostraremos aqui a utilização do ices2 e do icecast2, devido a algumas de suas características que serão mostradas logo abaixo. Antes será discutida uma tecnologia recente que permite a fácil transmissão de dados pela rede, conhecida como streaming.



4.1 Streaming


O streaming é uma tecnologia de transmissão de pacotes pela rede que permite a recepção dos dados transmitidos sem a necessidade de download. Ela surge a partir da metade da década de 90 (noventa) e vem sendo bastante utilizada por grandes portais corporativos, que disponibilizam áudio e vídeo na internet, e pela grande indústria da mídia.

Com a utilização desta tecnologia, o usuário ouvinte de uma webradio não precisa realizar o download do conteúdo a ser ouvido. O conteúdo transmitido é dividido em pacotes, os quais após gerados pelo streaming, são armazenados numa área temporária da memória do computador, chamada de buffer, para posteriormente ser acessada pelo usuário. Antes do conteúdo ser ouvido e/ou visto (no caso da transmissão de vídeo) há um tempo de espera (momento em que os dados estão sendo armazenados no buffer), conhecido como delay. Isso é importante, pois caso haja uma pequena interrupção ou interferência na recepção dos dados, ainda existe conteúdo armazenado na área de buffer para ser ouvido.


5.2 ices2

5.3 icecast

5- Rádio web no Debian GNU/Linux

Termos (http://alioth.debian.org/~lamby-guest/live-manual/html/meta.html#terms)

Live system

An operating system that can boot without installation to a hard drive. Live systems does not alter operating systems or files already installed on the computer hard drive unless instructed to do so. Live systems are typically booted from CD or DVD media as well as USB sticks and via netboot.

Debian Live

The Debian sub-project which maintains the live-helper and live-initramfs utilities.

Debian Live system

A Debian Live system is a live system that uses software from the Debian operating system.

Build system / host system

The environment used to create the live system.

live-helper

A collection of scripts used to build customised Debian Live systems.

live-initramfs

A collection of scripts used to boot live systems. live-initramfs is a fork of casper by Canonical, Ltd.

live-package

The former name of live-initramfs.

Criação de imagem do Live-CD

Lenny: nova versão estável do Debian, em substituição ao Etch, o 5.0. O instalador chama-se Debian-Installer

Requisitos para a criação:

  1. Super user (root) access

  2. An up-to-date version of live-helper

  3. A POSIX-compliant shell, such as bash or dash.

  4. debootstrap or cdebootstrap

  5. Linux 2.6.x

http://alioth.debian.org/~lamby-guest/live-manual/html/


6- Conclusão


A Lei 9.612/98 que regulamentou o Serviço de Rádio Comunitária restringiu bastante o alcance das rádios comunitárias. Locais cercados por montanhas possivelmente gera problemas na transmissão para os seus moradores. Independentemente do tamanho da população, apenas uma rádio pode atuar no bairro, vila ou na pequena cidade. (Problemas em atingir o todo da população – webradio alcance mundial)

O projeto GNU não é somente desenvolvimento e distribuição de alguns softwares livres úteis. O coração do projeto GNU é uma idéia: que software deve ser livre, e que a liberdade do usuário vale a pena ser defendida. Se as pessoas têm liberdade mas não a apreciam conscientemente, não irão mantê-la por muito tempo. (tradução do texto “Linux e o sistema GNU” de Richard Stallman)

BIBLIOGRAFIA

PAPERT, Saymour. A Máquina das Crianças: repensando a escola na era dos computadores; tradução de Sandra Costa. ed. rev. - Porto Alegre: Artmed, 2008.

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