Durante a disciplina EDC 287 ministrada pela professora Maria Helena Bonilla, no semestre 2005.2 na FACED - UFBA os alunos estiveram desenvolvendo pesquisas sobre a relação das mídias com a educação. Esta página foi criada com o objetivo de explanar a temática Internet e Educação.
Educação
A educação é a ação formadora da cidadania, e tem por principal característica a concentração do seu foco no ser, fazendo-o passar de sujeito individualizado para sujeito social. Nesse processo cabem algumas práticas como a utilização dos próprios interesses dos alunos no ensino-aprendizado, a construção de um saber coletivo e não individualizado (que pertença apenas ao professor), e a cooperação de todos para o desenvolvimento em potencial do ser social, que irá contribuir para a formação da nova sociedade. Na verdade, são muitas as estruturas que permeiam tal conceito e devemos nos ater somente a alguns pontos, para que consigamos nos aprofundar inteiramente no tema e dar significado à relação de internet e educação.
Internet
Internet significa “Sistema de Interconexão da rede de comunicação” (Internet Work System) é uma rede de redes em escala mundial de milhões de computadores. Nasceu de uma experiência militar norte-americana para conectar computadores em várias partes do mundo. É também um processador de dados e informações cujo suporte material são redes de conexões digitais entre diversos computadores espalhados pelo mundo inteiro. Tornou-se um dos meios de comunicação de massa que está diretamente associado ao conjunto de transformações no modo de pensar e conviver da humanidade, tendo um uso comercial muito significativo chegando a ser um dos segmentos que mais cresceu nos últimos anos.
Relação Internet e Educação
Estabelecendo uma relação entre esses dois conceitos, percebemos a importância da inserção do indivíduo no universo das tecnologias. Por que, sendo a escola um lugar que objetiva a formação do cidadão, deve incentivar a produção do saber coletivo, apropriando-se dos princípios que fundamentam essa nova lógica.
A internet na sala de aula
INTERATIVIDADE EM SALA DE AULA, É POSSÍVEL?
A interatividade é um processo de construção do saber, nada mais além da participação de todos os membros envolvidos no processo de criação e estabelecimento da comunicação sobre determinado assunto, levando em conta suas considerações e colaborações para um maior aprofundamento sobre o tema que está sendo abordado.
No entanto ainda alguns teóricos costumam relacionar interatividade aos processos de comunicação e tecnologia digital, sendo que esse conceito só seria possível de ser aplicado se em espaço apropriado, mais interessantemente associado ás redes de conexão a internet.
O que parece não ser verdade. O computador de fato permite que se superem relações passivamente interativas, estabelecendo um ambiente de troca de informações e de construção do conhecimento. Mas ele é mais um meio que pode e deve ser usado para aquisição dessa nova forma de comunicação, não devendo ela se resumir somente nesse espaço.
Nós, futuros educadores e educadoras, precisamos estar atentos a esse novo processo de transmissão de mensagens, levando sempre em consideração as contribuições dos alunos envolvidos na aprendizagem, percebendo que o saber não á algo fixo e imutável, mas em constante mudança e desenvolvimento. O conhecimento não pode ser algo acabado em si mesmo, mas deve proporcionar crescimento e mudança de valores e significados.
O que ocorre em sala de aula é a interação, onde o aluno não tem o direito de se expressar no tempo real que a informação está sendo transmitida, é necessário haver mudanças nas relações de linearidade, estabelecendo-se relações e ambientes de trocas, onde não exista mais a separação entre emissor e receptor da mensagem.
Afinal o que é INTERATIVIDADE?
Para entendermos o que se passou na aula do dia 11 de outubro de 05, terça feira, cujo relatório está sendo apresentado logo mais abaixo, precisamos conhecer e nos aprofundar um pouquinho mais sobre o conceito de INTERATIVIDADE. E, para definirmos esse conceito é preciso estabelecer ainda uma diferença entre INTERATIVIDADE x INTERAÇÃO.
Primeiramente vamos falar sobre interação. A interação, definida como ação que se estabelece entre duas pessoas ou duas coisas, é uma ação recíproca, que ocorre mutuamente no âmbito comunicacional. Podemos notar que a interação existe nos meios de comunicação tais como TV, Rádio ou Correios de diversas maneiras, ocorrendo unilateralmente, dialogicamente ou reciprocamente. A interação permite que os participantes da ação decodifiquem as mensagens, interpretem e participem de alguma forma do processo, mas é um sistema suficientemente fechado a ponto de não permitir que hajam interrupções e mudanças no processo de comunicação no momento mesmo em que este está-se dando.
É por isso que em meados dos anos 1970 surgiu um novo conceito de participação comunicacional, a interatividade, mais bem difundido e encontrado na nova era de comunicação e tecnologia digital. A interatividade nada mais é do que a participação dos membros da ação em tempo real em que a comunicação está sendo estabelecida, podendo até mesmo chegar a modificar o fluxo do processo que a mensagem pretendia percorrer. Os participantes verdadeiramente interferem no processo e atuam na comunicação, colaborando com suas idéias e expondo convicções, contribuindo para o crescimento da rede de interconexão que é promovida através da ação de comunicar-se.
Com a internet esse processo de interatividade intensificou-se, pois é na rede que você encontra formas de interferir diretamente sobre o processo de comunicação que ali se estabelece, interagindo com outras pessoas, interrompendo e modificando suas falas, criando novas maneiras de discorrer sobre determinado assunto, enfim transformando o rumo do fluxo comunicacional.%BR
É muito importante estarmos atentos a esta nova forma de perceber as mensagens que estão ao nosso alcance, pois agora temos a oportunidade de não sermos mais participantes passivos do processo de comunicação, mas estarmos atuando sobre ele e o para seu aprofundamento e dinamismo.
INTERNET E EDUCAÇÃO
A partir da segunda metade do século XX a tecnologia avançou formidavelmente, nos mais diversos ramos do conhecimento humano. Eis que surge, nesse período, o computador, uma máquina – até então – gigantesca que servia, entre outras coisas, para gravar e guardar arquivos, processar dados. Inicia-se, já, nessa época, uma certa competição com a mão-de-obra humana, mas também, facilita-se, sobretudo, as relações do homem com o homem, do homem com a natureza, com a ciência e com o mundo.
Mais tarde, a engenhosidade humana, através de diversas técnicas de investigações e demonstrações, projeta um mecanismo capaz de agilizar a comunicação na terra. Aparece, então, ainda timidamente, nos EUA, a Internet.
Décadas se passaram até que a rede, recém-criada, fosse aprimorada e adaptada aos gostos e necessidades humanas. Prova disso é a atual possibilidade do ser humano se comunicar com qualquer pessoa na terra ou no espaço cideral via Internet. Além disso, não é preciso passar pelo incômodo de se pegar longas filas para o pagamento de débitos ou compras. Paradoxalmente, com a globalização consolidada transformando o mundo num só, associada à chegada das “novas tecnologias” poupadoras de mão-de-obra, o homem teve seu espaço no mercado de trabalho reduzido enormemente. Esse fato nos países de terceiro mundo tem-se tornado um sério paradoxo e se agravado.
Atualmente, as relações entre internet e educação têm sido muito frutíferas. Os sites de pesquisas facilitam e pragmatizam as consultas de estudantes e pessoas interessadas nos mais variados temas. E mais: instituições de ensino e empresas têm investido em conferências virtuais que, de certa forma, populariza o acesso ao conhecimento àquelas pessoas que estão mais distantes dos centros de estudos e pesquisas. Ademais, no mundo marcado pela agilidade da comunicação e informação – invenção da fibra ótica, extensão das bandas largas, internet via satélite... -, a estabelecida sociedade da informação requer que estejamos atentos às novas descobertas e que as aproveitemos da maneira mais completa possível.
Por fim, vale ressaltar que a Internet está consolidada e tende a se aperfeiçoar cada vez mais. Entretanto, urge a necessidade de políticas verdadeiramente públicas de INCLUSÃO DIGITAL e popularização da rede no Brasil, haja vista que pouco mais de 10% da população brasileira tem acesso quase direto à Internet. Uma pobre participação tendo em vista os números absolutos da nossa populacão. Espera-se e muito das três esferas do poder público, mas também de nós, partidários dessa causa.
Software Livre
Você sabe o que é Software Livre?
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, software livre não é sinônimo de gratuidade, e sim de liberdade. Elas são quatro: liberdade de uso, liberdade de estudo, liberdade de modificação e liberdade de redistribuição.
Você sabe a diferença entre Software Livre e Proprietário?
Enquanto nos softwares livres temos essas quatro liberdades, no software proprietário não temos nenhuma, e na melhor das hipóteses temos uma, a primeira, se pegarmos pela licença de uso. Utilizamos esses programas sem saber como funcionam realmente, e, na verdade, quando adquirimos uma licença, não adquirimos o produto nem o conhecimento que o produziu. Mais, dentro de um curto prazo teremos que pagar novamente por uma nova versão.
O que poucos sabem é que os softwares livres são imunes a vírus, já que são modificados a todo o momento, existindo assim uma enorme variedade deles!
Saiba mais sobre o Projeto Software Livre na Bahia e sobre a II Semana de Software Livre
Inclusão Digital
Um assunto que virou moda no Brasil, mas que poucos sabem o que realmente é.
Para a maioria das pessoas, incluir digitalmente é colocar computadores na frente de outras e apenas ensiná-las a usar pacotes de escritório. Na verdade, inclusão digital implica formação de uma outra cultura, a cibercultura*.Por isso, é necessário mais do que um computador, é necessário REDE.
Portanto, incluir digitalmente não é apenas "alfabetizar" a pessoa em informática, é proporcionar as condições para que ela compreenda a linguagem e a lógica desse novo meio, se apoderando dele para a construção de novas relações e conhecimentos, de forma interativa e colaborativa.
*Ver também o conceito em Pierre Levy
O século XX foi marcado por muitos conflitos internacionais e também pelo espetacular progresso da ciência e tecnologia. Exemplos cabais do referido progresso foram a invenção das tecnologias da informação como o computador, a reformulação e aperfeiçoamento das diversas mídias e, principalmente, a criação da internet. Lamentavelmente, as TIC’s ainda é privilégio de poucos no eixo sul do planeta terra, e no Brasil, as discrepâncias são contraditórias, sobretudo, no que se refere ao acesso.
A invenção da rede mundial de computadores é considerada por muitos como um marco “divisor de águas” na contemporaneidade. Certamente pela sua rapidez nas transmissões de dados, uma vez que no mundo economocentrista agilidade é sinônimo de redução de gastos e tempo.
Muitos países têm investido maciçamente na informatização e modernização do comércio, indústria, administração pública e privada, escolas, entrando, assim, na era digital. Além disso, os próprios cidadãos buscam investir na aquisição do computador e internet, por diversas razões, entre elas se destacam as seguintes:
1. Facilidade de comunicação;
2. Praticidade na catalogação de dados e informações;
3. Agilidade em compras, pagamentos, pesquisas interações...;
4. Redução de despezas e economia de tempo.
Por outro lado, nos países ditos subdesenvolvidos, as TIC’s são privilégios de uma minoria. Há explicações para a pobre participação da população na era digital, como:
Desigualdade na distribuição de renda: uma pequena camada social detém um acúmulo de riqueza incomensurável e descabido. Ao cristalizar-se essa prática não há uma divisão justa da riqueza que é produzida no país.Assim, quem é rico tende a permanecer mais rico e quem é pobre – o contrário também existe -, com exceção da classe intermediária – a média – que dispõe de uma estrutura financeira e econômica diferenciada. Quem acertou na “loteria biológica” certamente terá facilidades no acesso e aquisição de tudo o que for realmente relevante para o desenvolvimento da nação. Paradoxalmente, aqueles que não dispõem de recursos financeiros e educação pública de qualidade não poderão ter acesso às novidades da evolução tecnológica, como as TIC’s.
Política Pública de Inclusão Digital Insatisfatória e Equivocada: o governo não tem construído uma política que combata verdadeiramente o problema da inclusão. Para se ter uma idéia, o jornal Folha de S. Paulo publicou, recentemente, que o governo federal gasta R$ 1200 por mês para manter menos de 10 computadores ligados à Internet via satélite numa favela povoadíssima do Rio. Se utilizasse a banda larga ou Internet via rádio todos os computares funcionariam por apenas R$ 70 e R$ 140, respectivamente. Além disso, poucas escolas públicas dispõem de maquinários ligados à rede e o que se percebe é uma “retirada de campo” por parte do governo, ou seja, ele não tem se esforçado para promover políticas públicas de inclusão digital e pouco tem dialogado com a sociedade sobre o referido tema (vide as reportagens e entrevistas dos membros do governo).
Os dados sobre o raio-x da internet no Brasil nos deixam preocupados. O jornal Folha de S. Paulo divulgou uma pesquisa em abril de 2005 sobre esse tema. Vejamos os dados:
11.030.724 internautas residenciais, 7.5000.000 de usuários de webmail; 6.600.000 usuários de mensageiros instantâneos; 5.300.000 pessoas navegam em banda larga. Além disso, 24 milhões é o número de PC’s em uso no Brasil e, em termos absolutos, o número percentual de internautas é de 17,5%.
Sérgio Amadeu – um renomado pesquisador da área – nos mostra seu livro Exclusão Digital que “os 24 países mais ricos do mundo abrigam apenas 15% da população da terra e concentram 71% de todas as linhas telefônicas”. E mais: “somente na ilha de Manhathan, em NY, há mais telefones do que no continente africano” (p.18). A cidade de São Paulo é a que mais possui telefones e conexão à rede. São mais de 26,5 telefones fixos para 100 habitantes. No Estado da Bahia, a situação é crítica: apenas 5% da população tem computador em casa, ou seja, estimando que o Estado possua 13.000.000 de habitantes, somente 650.000 tem computador domiciliar.
Diante desse cenário, vê-se fidedignamente que somos um país de excluídos digitalmente – 82,5% da população sem acesso à rede! – em pleno reino da sociedade da informação. O Brasil urge avançar em programas de Inclusão Digital como infocentros, telecentos, facilitação de aquisição de PC’s, popularização e democratização da banda larga, os quais, devem minimizar as estatísticas dessa vergonha posição. Para que isso ocorra verdadeiramente, não devemos esperar uma “canetada” do Sr. Presidente. Pessoas afinadas com o tema, estudiosos, alunos, professores devem unir forças e promover intensas discussões sobre a necessidade da inclusão digital na era digital de norte a sul. Além disso, se as iniciativas não forem suficientes, deve-se utilizar expedientes jurídicos e políticos para pressionar os governos nas três esferas públicas para por em prática a referida inclusão sem brechas demagógicas.
As medidas tomadas pelo governo
O que o governo faz para incluir digitalmente?
As políticas públicas em Inclusão Digital
Algumas propostas governamentais foram analisadas e discutidas em sala de aula, dentre elas destaco três: o FUST – fundo de universalização de serviços de telecomunicações; o Proinfo – programa nacional de informática na educação e o Computador para todos – programa do governo de apoio à aquisição de computadores por parte da população por um custo mais baixo devido ao abatimento nas taxas de impostos como Pis e outros.
As análises feitas foram criticamente receosas com relação a tais políticas governamentais por se tratarem de propostas que todos temem “não sair do papel”. Por isso é sempre bom termos certo cuidado ao estarmos comentando sobre as propostas do governo relacionadas ao processo de inclusão digital, pois isso pode representar ainda mais uma exclusão digital e social do que uma inclusão se os programas forem usados de foram inadequada.
O software livre desenvolve um importante papel na política desses programas, pois além de sair em custo mais baixo e, portanto apresentar vantagens financeiramente para o governo, possibilita o acesso a uma política de liberdade e asseguramento da população na participação do processo de aquisição de conhecimento de cultura.
Tecnologia assistiva é “qualquer ferramenta que proporciona ajuda para uma pessoa” assim, esta tecnologia pode variar desde o uso de um a bengala para apoio, um velcro para correção de postura, até um software de computador que auxilie a comunicação de pessoas portadoras de deficiência auditiva, por exemplo.
Fazendo a relação da tecnologia assistiva com o uso do computador, esta pode interferir na inserção no meio de trabalho e ambientes de aprendizagem. Esta última é foco central nas pesquisas do professor Teófilo Galvão que atualmente coordena o programa “Informática na Educação Especial” do Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD), unidade das Obras Sociais Irmã Dulce . Alguns exemplos desta tecnologia são: estabilizador de punho com ponteira para digitação, máscara de teclado encaixada, máscara de teclado com poucas teclas expostas. Estas facilitam o acesso ao computador das pessoas com deficiências.